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“O que é para ser meu há de vir, já está destinado"

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  • 15 de mai. de 2021
  • 7 min de leitura

Tem 24 anos, vive no Alentejo e considera- se uma pessoa "ambiciosa e que não gosta de estar parada". Estudou Artes Visuais- Multimédia e mais tarde a vida levou-a para o Zumba, mas foi na Costura que a Filipa Vilas Boas se sentiu finalmente feliz e realizada!

No verão do ano passado lançou o seu projeto, o "Costura à Mistura" e espera agora que esse se torne o seu principal foco.

Olá Filipa, desde já queremos começar por te agradecer a tua disponibilidade em nos dar esta entrevista.

Costumamos começar por pedir aos nossos entrevistados que nos dêem uma breve apresentação de si mesmos. Por isso, podes desvendar quem é a cara por detrás da ‘Costura à Mistura’, o que gostas de fazer nos tempos livres, traços de personalidade que achas que tens…

FVB: Olá Cristiana e Mariana. Antes de começar, quero agradecer o vosso convite e esta oportunidade de poder mostrar um pouco mais da minha história e a história da Costura à Mistura.

O meu nome é Filipa Vilas Boas, tenho 24 anos acabados de fazer e vivo no Alentejo. Estudei Artes Visuais – Multimédia na Universidade de Évora até 2018. Entretanto entrei para o mundo do Zumba e em 2019 tirei a formação e deste aí que fiz do Zumba a minha profissão “a tempo inteiro”, até surgir a oportunidade de criar a minha loja. Sou uma pessoa muito ambiciosa e que não gosta de estar parada, então passo os meus dias a criar listas de coisas que quero fazer e novos objetivos. Sou taurina, então a determinação e a criatividade estão sempre a presentes no meu dia-a-dia.


Descobrimos que a tua paixão pela costura vem da tua avó, explica-nos o que é que mais te entusiasma na criação de novas peças?

FVB: Bem, desde que me lembro, sempre vi a casa da minha avó cheia de sacos com costuras, desde bainhas por arranjar, bolsos rotos, fechos partidos, enfim de TUDO. Desde sempre que foi algo que me despertou imenso interesse e em querer aprender mais. Quando chegava a altura do Carnaval era das alturas mais felizes da minha vida em criança, ia para a casa da minha avó e via 20/30 fatos todos iguais pendurados e prontos para seguirem para os desfiles de Carnaval que se avizinhavam. Nessa altura, eu podia sempre ajudar a minha avó nem que fosse a encher carrinhos de linhas para ela não perder tempo, essa função não era nada mas para mim era absolutamente tudo!

Lembro-me da primeira vez que senti o bichinho de querer dar uma nova vida à roupa, foi quando levaram uma simples t-shirt já velha que iria para o lixo e deixaram com a minha avó para ela colocar para os trapos (geralmente ela dá a empresas para fazerem panos para limpar as mãos). A blusa era linda com um padrão brilhante, estava apenas rota nas mangas e já não dava para solucionar, então eu pedi à minha avó para me ajudar e fazermos da t-shirt um top curtinho para levar para a ginástica e ficou espetacular, nunca iria arranjar nenhum igual em loja nenhuma, era único!! Acho mesmo que foi aí que percebi que podia criar e transformar tudo o que quisesse, sem ter que procurar numa loja e pagar imenso por ela.


A ‘Costura à Mistura’ é o teu bebé, o teu projeto que lançaste o ano passado, no verão. Sentiste que podias ter algum retorno com uma coisa que te entusiasma e apaixona tanto, ou foi mais pela prática e uma forma de ocupares o teu tempo?

FVB: Confesso que acho que foi um bocado entre ambos. Eu aprendi a coser desde muito pequena, mas depois com a idade vamos deixando de fazer algumas coisas e aprendendo outras e a costura foi uma dessas que ficou para trás. Nunca mais tinha cosido na minha vida, desde pequena que não dava ao pedal. Tinha uma máquina aqui por casa muito semelhante à da minha avó e quando me sentei à frente da máquina, foi com se nunca tivesse deixado de coser, foi como andar de bicicleta “Nunca se esquece”. A minha sobrinha estava quase a nascer então quis criar uns scrunchies para ela e para a minha irmã a condizer e aquilo correu minimamente bem, então comecei a fazer para mim. De todas as cores para combinar com as minhas roupas então todos os dias usava um para o trabalho. Entre o meu trabalho da altura e as aulas de zumba, arranjei um tempinho e comecei. De forma a ocupar o tempo não foi bem o motivo mas veio realmente a ajudar a ocupar o tempo nesta última quarentena.


Com uma avó costureira aventuras-te a fazer peças de roupa, sem ser para venda?

FVB: O meu maior medo é mesmo fazer peças grandes, tenho me limitado por coisas mais pequenas porque tenho muito medo de cortar tecido, está revelado o meu segredo! É algo tão caro e dispendioso que me custa estar a cortar e depois, ou enganar-me nas medidas ou ficar torto, fico em pânico e dá- me ansiedade só de pensar. Já fiz alguns aproveitamentos de peças velhas que tinha por casa, desde calças rotas entre as pernas e torná-las em calções, blusas que já não servem e aproveitar para fazer bolsinhas. Criar uma peça de raiz ainda não me aventurei sozinha, nem sei quando isso irá acontecer, talvez seja o próximo objetivo a cumprir.


Porque é que apostaste nos acessórios para o cabelo?

FVB: Foi uma aposta arriscada tendo em conta que no mercado da fast fashion é algo tão banal e barato, mas sempre quis experimentar e usar scrunchies mas na altura as lojas estavam todas fechadas e aqui no Alentejo não há shoppings ao virar da esquina então arregacei as mangas e fi-los para mim. Acabei por me manter pelos acessórios de cabelo com as bandoletes, muito sinceramente por causa dos aproveitamentos de tecidos. Percebi que conseguia usar a mesma quantidade de tecido para scrunchies como para bandoletes então tornava a compra de tecidos muito mais fácil e o desperdício era mínimo. A ideia dos laços veio só depois e foi também por uma questão de aproveitamento de tecidos. A quantidade de tecido necessária para fazer um laço é muito pequena, então aqueles restos que às vezes sobravam de bandoletes eu guardava e depois reutilizava para os laços. Ou até mesmo aqueles restos que trazia de casa da minha avó que não chegava para um scrunchie então dava para dois laços. Tento ao máximo, utilizar restos de tecidos e comprar o mínimo possível.


Sabemos também, que és instrutora de zumba, aproveitas também essa facilidade de chegar ao público feminino para aumentar as vendas do teu negócio, de publicitar… ou apostas mais no mundo digital para ganhar clientes?

FVB: Tento ao máximo separar os dois mundos, pois são super diferentes. Com sou de uma terra pequena, em que todos se conhecem uns aos outros e as minhas alunas acabam por ser também as minhas amigas e as minha clientes. 70% das minhas vendas são todas feitas na minha área de residência e entregues em mão. Aposto imenso no mundo digital para chegar a mais clientes, desde o Instagram, ao Facebook e até ao Tiktok, que tem vindo a ser uma grande mais valia para o meu pequeno negócio. Às vezes o meu pai vê-me a escrever as moradas nos envelopes de envio e fica sempre estupefacto com o fato de ter encomendas para o Algarve ou até mesmo para o Gerês e pergunta-me como é que estas pessoas me descobriram e tenho que lhe explicar que felizmente a Internet é um mundo em que tudo está super longe mas ao mesmo tempo, super perto.


Vês-te a fazer da costura o teu ponto principal de remuneração no futuro, ou é apenas um hobby que vais continuar a explorar?

FVB: Amava mesmo poder fazer disto vida, a minha área de formação é a Multimédia mas sem dúvida que a costura tornou-se algo em que eu me sinto mesmo realizada e com o pequeno negócio de vento em popa era das minhas maiores conquitas sem dúvida. Gostava que deixa-se de ser um hobby e passa-se a ser o meu foco a tempo inteiro.


Arrependes-te de não teres apostado neste negócio mais cedo?

FVB: Não, não me arrependo de todo de ter começado quando comecei. Acho que cada coisa está destinada para acontecer quando tem que acontecer. Como referi, este gosto pela costura só regressou naquela altura, então eu agarrei-me a ele e recomecei. Se não aconteceu mais cedo era porque não era para ser, a minha avó disse-me esta frase numa altura menos boa da minha vida que até ao dia de hoje a utilizo para tudo, “O que é para ser meu há de vir, já está destinado” , ou seja, já estava destinado a Costura à Mistura vir na altura em que ela quis.


Até ao próximo ano vamos ter novidades de novas peças na ‘Costura à Mistura’?

FVB: Vamos ter sim!!! Estou super entusiasmada, como sempre! Há uns meses aventurei-me pelas bolsas e quero explorar mais esse mundo e em termos de acessórios já tenho alguns projetos prontos para divulgação. Talvez antes do Verão, quem sabe???


Tens algum desejo/sonho que ainda gostasses de realizar?

FVB: Sonhos, tenho inúmeros, acho que vou andar a tentar realizar sonhos até ao fim da minha vida, sou uma pessoa muito sonhadora, sem dúvida. Desejos, infinitos! Mas os principais e relativamente à loja, é criar um site para este meu “bebé”, como vocês referiram. Não vai ser algo fácil, pois tenho mais de 100 tecidos disponíveis então vai ser algo muito trabalhoso e ainda vai demorar muito. O outro desejo era sem dúvida, ter o meu próprio espaço para a loja. Estou no rés-do-chão da minha casa e não tenho espaço suficiente, a mesa onde coso é também onde corto os tecidos, é também onde preparo as encomendas e é também a mesa da minha antiga máquina que tem 90cm por 50cm. Tornou-se algo que me ocupa muito espaço de casa então, era um grande desejo em mudar de espaço.


Onde é que vês a Filipa daqui a 5 anos?

FVB: Gostava de estar já no novo espaço com referi ainda há pouco, mas principalmente com a loja tempo inteiro. A cima de tudo, feliz e realizada a fazer aquilo que mais gosto. Hoje em dia não é fácil sermos felizes nas nossas profissões mas eu sinto-me uma sortuda por puder fazer o que me faz sentir mais feliz. Espero continuar a crescer e a trazer ainda mais autoestima a todas as mulheres que usam os acessórios da Costura à Mistura.


Muito obrigada pela tua disponibilidade, foi um prazer conhecer-te melhor e desejamos-te tudo de bom para o teu futuro!

FVB: Muito obrigada eu por esta experiência, amei. Descobri várias coisas sobre mim que nunca tinha tirado o tempo para pensar nelas, muito sucesso


Acompanhem o trabalho da Filipa e sigam a página da Costura à Mistura no Instagram: @costura_a_mistura






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