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"O nosso objetivo final, é ajudar as mães e os pais a serem pais capazes e confiantes"

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  • 12 de jun. de 2021
  • 6 min de leitura

3 mulheres, 3 médicas com interesses semelhantes e que se complementam. A preocupação pela saúde da mulher grávida, o pós parto e os primeiros cuidados do bebé fizeram com que criassem um podcast para falar abertamente sobre estes temas: o "Conversas de Consultório".

Bom dia, antes de começarmos esta conversa queremos agradecer a vossa disponibilidade em partilharem connosco os vossos conhecimentos e darem a conhecer, ainda mais, o vosso podcast “Conversas de Consultório”.

A vossa equipa é constituída por 3 médicas com formação específica diferente, mas que estão todas interligadas, certo? A Raquel Baptista Leite é médica com formação em Medicina Geral e Familiar, a Mariana Mouraz é Ginecologista Obstetra e a Cristina Gago é de Pediatra. Contem-nos um bocadinho sobre o que vos levou a envergar por estas especialidades?

R: Sim, as nossas especialidades estão, de facto, interligadas. A Medicina Geral e Familiar centra-se nas respostas em saúde, na comunidade, e ocupa-se da família: da criança, aos pais e avós, tendo por isso formação específica em Saúde Infantil, Saúde da Mulher, Saúde Mental e competências em Saúde do Adulto. Por outro lado, a Pediatria e a Ginecologia e Obstetrícia são especialidades de contexto hospitalar, em que o centro da sua ação é uma população específica. Isto é, a Pediatria ocupa-se dos bebés, crianças e adolescentes; enquanto que a Ginecologia e Obstetrícia segue a Saúde da Mulher, onde se incluem as grávidas e as puérperas (pós-parto).

No caso da Raquel, a escolha da Medicina Geral e Familiar foi muito precoce, ainda no 3º ano da faculdade. Apaixonou-se desde o primeiro minuto pelo conceito de “Médico de Família”, num acompanhamento de proximidade a toda a família, assente numa relação médico-doente empática, e não apenas a um órgão ou sistema de uma pessoa em concreto. O papel do Médico de Família é, assim, essencial naquele que devem ser os pilares de um serviço de saúde eficiente: a promoção da saúde, a prevenção da doença e o diagnóstico precoce de doenças para encaminhamento adequado, nomeadamente à Pediatria e Ginecologia e Obstetrícia.

Quanto à Cristina, a paixão pela pediatria foi também ganhando forma ao longo do curso de Medicina. Poder acompanhar o desenvolvimento da criança desde o nascimento até à adolescência é um trabalho muito bonito e envolvente. Durante a infância o crescimento e as aprendizagens dos primeiros anos requerem um acompanhamento global e frequente que acaba por se prolongar até aos desafios da adolescência. As crianças e as suas famílias crescem com os Pediatras através de uma relação médico-doente muito próxima e este crescimento em conjunto é um trabalho muito cativante.

Por fim, desde cedo que o sonho da Mariana era ser médica, “Médica Sem Fronteiras”. O primeiro contacto com a Ginecologia- Obstetrícia foi na colaboração das colheitas citológicas para o rastreio do cancro do colo do útero no Centro de Saúde da zona, tinha por volta de 15 anos de idade. Mas a paixão pela Especialidade só veio a descobri-la mais tarde, já na Faculdade, durante o estágio de Obstetrícia na Maternidade Alfredo da Costa, quando viu o primeiro parto.

Como é que se conheceram e porque é que surgiu a ideia de criarem o vosso podcast?

R: Como é frequentemente mencionado pelas pessoas, os médicos “passam a vida a estudar”. De facto, a maioria dos médicos, após os 6 anos de curso e após terminar o seu mestrado em Medicina, opta por continuar a sua formação, à qual chamamos “especialidade”. Esse período de formação – denominado de internato -, pode durar entre 4 a 6 anos e é constituído por estágios em diferentes áreas, e é sujeito a avaliações anuais. Existem, assim, dezenas de internatos de formação diferentes (exemplos: Cardiologia, Medicina Interna, Ortopedia, etc.).

Assim, a Raquel conheceu, durante o seu período de internato em Medicina Geral e Familiar, a Cristina e a Mariana, nos seus estágios de Saúde Infantil e Saúde da Mulher, respetivamente. A ideia do podcast surge posteriormente, como resposta a um desafio lançado pela Mariana Nunes Pinto – fundadora da plataforma MommyBox: https://mommybox.pt/ ) – à Raquel. A MommyBox é uma plataforma de acesso a centenas de vídeos e cursos realizados por profissionais de saúde, relacionados com a temática da maternidade. Nesse sentido, surge a ideia de criar um podcast ligado a estes temas da maternidade, enquanto conteúdo de entretenimento, que simultaneamente cumpre o objetivo de aumentar a literacia em saúde, com informação científica rigorosa e de fontes fiáveis. A interligação das especialidades de Medicina Geral e Familiar, Pediatria e Ginecologia Obstetrícia, no que toca ao tema da maternidade – da criança à mãe – levou a que a fizesse todo o sentido construir estes episódios com 3 médicas residentes das respetivas áreas.

O “Conversas de Consultório” é direcionado para mulheres grávidas e vocês esclarecem bastantes dúvidas e questões sobre a gravidez, desde o processo de engravidar até ao nascimento do bebé. Porque é que consideram importante abordar este tema?

R: Nós temos como objetivo ir mais além, não nos focarmos apenas na gravidez, mas também na maternidade e na própria mulher. Isto é, falamos da gravidez, claro. Mas também do bem-estar da mulher depois do parto, bem como das ferramentas que acreditamos serem essenciais para uma mãe saber ajudar o seu filho a crescer de forma saudável. Consideramos que as “Conversas de Consultório” colmatam uma lacuna identificada nos podcasts em Portugal. Existem inúmeros podcasts interessantes ligados à maternidade, mas maioritariamente realizados por mães. Apesar da relevância que reconhecemos nesses programas, o nosso objetivo, mais do que uma partilha de experiências, é transmitir informação fidedigna e cientificamente relevante, de forma que seja acessível para todas as mães. O nosso objetivo final, é ajudar as mães e os pais – sim o nosso podcast também pode (e deve!) ser ouvido por pais – a serem pais capazes e confiantes naquele que é o seu principal projeto de vida: os seus filhos. Quer pelas experiências que conferem aos seus filhos, mas também pela importância dos próprios pais se sentirem bem e saudáveis, para estarem aptos a exercer funções tão importantes.


Há muitas mulheres que ainda têm um pensamento antigo e retrógrado relativamente à gravidez, parto, etc… A vossa ajuda é bastante importante para quebrar tabus, desmistificar alguns assuntos em específico e questões que muitas mulheres não se sentem à vontade para partilhar. Recebem esse tipo de Feedback nas vossas plataformas?

R: Esta pergunta é muito interessante. O nome que escolhemos para o podcast é bastante explícito no seu objetivo “Conversas de Consultório” – trazer a público os temas que a maioria das mulheres, nas suas conversas em consultório com os seus médicos, apresentam mais dúvidas. Falar de forma simples e sem tabus, exatamente, mesmo dos temas que por vezes as mulheres têm vergonha de abordar. Temos recebido imenso feedback positivo e, curiosamente, cada vez que lançamos um episódio, recebemos de imediato sugestões de mães (e, reforço – de pais também!) a propor temas que consideram que seriam relevantes de ser abordados no futuro. Tem sido muito gratificante e ficamos muito gratas por estas reações.

Qual é a dúvida mais recorrente que recebem nas vossas consultas?

R: É bastante difícil identificar uma dúvida mais frequente, numa área tão abrangente como a maternidade, que vai desde a gravidez ao crescimento da criança / adolescente. Mas esta primeira temporada que lançámos, de 14 episódios (7 dedicados à obstetrícia e 7 dedicados à pediatria) e que está disponível no youtube, spotify e outras plataformas de podcast, representam os 14 temas que considerámos mais recorrentes. Lançamos todas as quintas-feiras às 19h um episódio, e desafiamos todos os leitores a seguirem.

Ainda em relação ao podcast, que novidades podemos esperar até ao final do ano?

R: A primeira temporada, que neste momento está a meio, representa como dissemos, as principais dúvidas que identificamos nas nossas consultas. A segunda temporada será um pouco diferente, com convidados surpresa em áreas temáticas mais específicas e com o objetivo de dar resposta aos desafios que os nossos ouvintes nos têm lançado.



Para as mulheres que nos estão a ler, se vos quiserem contactar, como é que o podem fazer?

R: Gostamos muito de ter feedback e deixamos por isso a sugestão de seguir o instagram da MommyBox, onde facilmente entram em contacto connosco e têm acesso a todos os conteúdos: https://www.instagram.com/mommybox.pt/

Mesmo a terminar, que conselho dariam às mulheres que ainda têm medo ou receio de tirar todas as dúvidas com os respetivos médicos ou familiares?

R: Ninguém sabe tudo, e a vida é uma aprendizagem. Por isso, temos a ganhar em partilhar as dúvidas e os conhecimentos; as minhas dúvidas podem ser as dúvidas de outra mulher, e a interajuda torna o caminho infinitamente mais fácil, neste projeto de vida tão relevante que é a maternidade. Quanto aos médicos, não há razão para medos ou receios; afinal, para uma relação médico-doente eficiente, é essencial que haja abertura para os esclarecimentos necessários – os médicos têm presente que cidadãos com maior conhecimento em saúde, são cidadãos mais saudáveis e mais capacitados para tomar boas decisões para sua vida. Temos todo o gosto em desmistificar todos os mitos!

Mais uma vez muito obrigada às três pela vossa disponibilidade. É para nós muito importante falar sobre assuntos relevantes para a nossa sociedade e que, de facto, podem fazer a diferença. Desejamos- vos o maior sucesso!


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