"O maior objetivo era quebrar esse tabu, passei a infância toda dentro do machismo e da homofobia"
- whatsnextblog
- 23 de jan. de 2021
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Com 21 anos, Alexandre Morais já conta com uma carreira como modelo e com a participação num programa televisivo. Um dos embaixadores da Pantene em Portugal, apaixonado pela praia e bodyboard, espera um dia viver a full- time em Nova Iorque.

Bom dia Alexandre, muito obrigada pela tua disponibilidade em realizares esta entrevista. Primeiro queremos que nos fales um bocadinho sobre ti: apresenta-te, conta-nos o que mais gostas de fazer nos teus tempos livres, as coisas que mais te dão prazer…
AM: Sou o Alexandre Morais, tenho 21 anos e sou da Costa da Caparica, sou manequim pela agência Central Models. Sou um rapaz de bairro que nasceu ao pé da praia, ou seja, a minha vida toda se baseou em praia, surf, skate, festas na areia... e os meus hobby’s nesta parte vêm daí, ler ou ouvir música na praia, surf, skate etc.. É como se fosse uma terapia e um escape do mundo real... é lá que ganho inspiração para fazer tudo.
Por outro lado, desde muito cedo que decidi sair daquele canto onde nasci e aventurar-me na capital, outro lado da vida e um mundo completamente diferente do meu, daí vem a parte que realmente eu gosto e os meus hobby’s que são a fotografia, roupa, revistas, tudo à volta disto.
Basicamente, tenho o melhor dos dois mundos, quando chego à costa sou o Alex que cresceu na praia e não vive sem ela e, quando chego à cidade grande, sou o Alex mais “out of the box” (fora da caixa).
Muitos dos nossos leitores devem conhecer-te por teres participado no programa “Cabelo Pantene”, que passou na televisão o ano passado, e do qual foste um dos finalistas. Conta-nos, o que te levou a participar no programa?
AM: O que me levou a participar no Cabelo Pantene foi simplesmente o facto de querer quebrar um tabu, o tabu de que só as mulheres é que se interessam por beleza ou só as mulheres é que cuidam do cabelo, já está menos acentuado esse tabu mas ainda existe, e vi neste programa uma oportunidade de chegar a alguém que ainda pense isso.

Quais eram as ambições que levavas para o programa?
AM: As minhas ambições eram mesmo essas, fazer chegar ao máximo de pessoas que os homens também se cuidam e também gostam deste tipo de coisas e que não há vergonha nenhuma nisso. Também tinha como ambição ser eu mesmo, e foi o que pensei, chegar o mais longe possível sendo eu mesmo e não com aquele mood de programa de televisão.
Sentiste alguma desilusão durante o programa com algum comentário do júri, ou até mesmo quando não foste o vencedor ou, pelo contrário, tiveste o sentimento de ‘dever’ cumprido?
AM: Por acaso não me senti desiludido, tudo o que foi dito durante todo o programa acho que se adequa ao que eu fiz enquanto concorrente e mesmo quando não ganhei achei que foi realmente justo. Na parte em ser eu mesmo fiquei com o sentimento de dever cumprido. Na parte de fazer chegar a minha mensagem ao máximo de pessoas possíveis só iria sentir o dever cumprido depois do feedback das pessoas ao verem o programa, quando o programa saiu, e aí acho que cumpri o meu dever sim.
Achas que o programa foi uma alavanca para a tua carreira como modelo?
AM: Acho que foi uma alavanca em termos de aprendizagem profissional e de relacionamento com outras pessoas em ambiente de trabalho, na parte de moda acho que me ajudou a chegar à minha atual agência e também a ter alguns olhos “postos” em mim, não diria propriamente uma alavanca a nível de trabalho, mas sim uma aprendizagem a nível profissional fantástica, isso sim.
Durante a tua prestação, e após o programa terminar, alguma vez sentiste algum tipo de preconceito? Por seres homem e estares a incorporar um programa sobre cabelos, por teres o cabelo comprido…?
AM: Como referi nas primeiras perguntas, um dos objetivos, ou até o maior objetivo, de participar no Cabelo Pantene era quebrar esse mesmo tabu, esse preconceito, e sinceramente passei a infância toda dentro desse machismo e da homofobia, ou seja, quem queria ser modelo era homossexual. Como se fosse uma coisa má e que só as mulheres é que podem gostar desse tipo de coisas a nível de beleza e desses programas… Tudo o que eu li sobre o programa não é nada que eu já não tenha lido antes.
Li algumas coisas preconceituosas sim, mas fiquei bastante surpreendido porque houve muito mais pessoas, tanto homens como mulheres, a apoiarem do que a serem preconceituosas e fizeram com o meu objetivo se tornasse mais fácil.

Ser modelo sempre foi um sonho teu desde criança? Conta-nos alguma lembrança tua a esse respeito.
AM: Ser modelo sempre foi algo que eu gostava, mas só se tornou sonhou depois de eu ter dito pela primeira vez que queria ser modelo.
Participei num concurso quando era pequeno, não me lembro o nome, e desde então que muita gente me dizia para entrar para uma agência ou assim, mas nunca ligámos muito porque a maioria das pessoas ( como eu na altura) não sabem o que têm de fazer ou por onde começar, ainda por cima num bairro…, e por isso não liguei logo de início.
Lembro-me que quando disse que queria ser modelo tinha por volta de 12 anos e lembro-me também que meti uma fotografia no Facebook, que tinha tirado na escola e uma agência mandou- me mensagem. Era meia noite e pouco quando vi a mensagem e saltei da cama e acordei toda a gente em casa com o barulho que fiz (risos). Mas, era mais uma daquelas agências que praticam burlas (risos).
O que dirias ao Alexandre de há 5 anos?
AM: Diria para se preparar, mental e fisicamente. Mental porque não sabe o que lhe espera, quer em termos profissionais como pessoais, vai ser difícil… E físicos, porque vai precisar muito para trabalhar.
Mais nada, deixava-o fluir como o Alexandre de agora flui.
Mudavas alguma coisa no teu percurso, quer no programa, quer na tua vida pessoal?
AM: Nada, não trocava nada nem fazia nada diferente... Se fiz foi porque naquele momento senti que devia fazer e fez sentido para mim, temos que viver com as consequências dos nossos atos, e aprender com elas.
Alguma vez pensaste em deixar de ser modelo e seguir outra profissão?
AM: Ainda não, tenho os meus sonhos e os meus objetivos bem definidos, mas sei que se calhar vou fazer uma passagem por um outro objetivo meu, que é ir para os aviões como comissário de bordo.
Onde é que te vês daqui a 10 anos?
AM: Tenho o sonho de viver a full- time em Nova Iorque e espero que o meu futuro passe por lá. Vejo-me feliz e ativo a fazer o que mais gosto.
Se tivesses de pedir agora um desejo qual seria?
AM: Que nada me faça perder a minha identidade. Se eu não perder a minha identidade vou ser sempre feliz independentemente daquilo que aconteça.
Muito obrigada pela tua simpatia e disponibilidade para esta entrevista. Boa sorte para o teu futuro!
AM: Obrigado!
Para quem continuar a acompanhar o trabalho e a carreira do Alexandre, não se esqueçam de passar pelo Instagram dele: @alexmoraisoff .
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